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A igreja foi construída
pelos jesuítas no século XVI, após a sua instalação
em Portugal. Passou para a Misericórdia de Lisboa, em 1762, depois
da extinção da Companhia de Jesus pelo marquês de
Pombal. Está integrada num vasto complexo arquitectónico
a que pertencem as antigas casas da companhia e um conjunto de equipamentos
adaptado por restauros e intervenções feitas a partir
do século XIX. É um dos mais notáveis templos da
cidade, quer pela sua arquitectura de tipologia maneirista, quer pela
decoração interior, rocaille e barroca.
A pedido de D. João III vieram para Portugal os Jesuítas,
ordem recentemente criada no âmbito da Contra-Reforma, tendo a
sua primeira instalação em S. Roque. Com a sua vinda deu-se
início à construção (em 1566) de uma nova
e importante igreja. Este facto teve consequências consideráveis
e contribuiu para a reabilitação da zona.
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A igreja e as casas da Companhia
de Jesus formavam um grande complexo arquitectónico de carácter
erudito e monumental. O prestígio de que gozava esta ordem religiosa
atraiu os membros da nobreza, que passaram a construir os seus palácios
na parte norte. A prosperidade ligada à exploração
do ouro do Brasil, durante o reinado de D. João V, reflectiu-se
nas decorações barrocas de muitas igrejas e palácios,
nomeadamente nos interiores da igreja dos jesuítas de S. Roque.
De planta rectangular simples, com capelas laterais e altar-mor em capela
pouco profunda, apresenta uma geometria espacial simples e funcional,
tipicamente jesuíta. Toda a orientação é
feita em função do altar-mor e do púlpito, sem
qualquer possibilidade de dispersão, bem à maneira do
espírito da Contra-Reforma. Este modelo, a par do da igreja da
mesma ordem de Évora, constituiu referência obrigatória
para a divulgação da arquitectura religiosa em todo o
país e num espaço cultural mais diversificado, desde o
Brasil até à Índia e ao Extremo Oriente, durante
os séculos XVI e XVII.
A actual fachada classicista é pouco significativa e resulta
do restauro feito depois do terramoto de 1755. A grande riqueza espacial
e decorativa verifica-se no interior, onde se afirma uma articulação
de diversas manifestações artísticas. A exuberância
formal e cromática das artes plásticas e das artes decorativas
transforma o espaço arquitectónico, dando-nos a ilusão
de uma nova ambiência. As diversas capelas laterais, que se abrem
sobre a nave e o próprio altar-mor, são revestidas de
talha dourada, apresentando um repositório das principais tipologias
do retábulo de talha em Portugal. A inserção de
azulejaria decorativa e de pintura com iconografia relativa a figuras
históricas e à Companhia de Jesus bem como a própria
pintura do tecto fazem deste interior um magnífico exemplar da
unidade das artes.
No conjunto, destacamos as capelas laterais da invocação
de S. Roque, que apresenta azulejos decorativos, policromados de temática
clássica maneirista, assinados e datados por Francisco de Matos
em 1575: a de Nossa Senhora da Piedade, com mármores incrustados
e a talha decorativa de grande efeito cenográfico; e a de S.
João Batista, mandada decorar por D. João V, na primeira
metade do século XVIII, com base num projecto encomendado aos
arquitectos italianos Vanvitelli e Nicola Salvi.
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