Diárimente somos bombardeados com informação sobre os últimos acontecimentos violentos do mundo. Ora são massacres ora são bombas, seja na Argélia ou em Londres, a luta armada é, hoje, um meio como qualquer outro de fazer pressão política. É esta realidade, que constrange e aterroriza pela sua frequência e diversidade, que o autor pretende dar a conhecer.Multi
mediaAcção Directa, Dicionário de Terrorismo e Activismo Político
de John Andrade
Hugin Editores, 1999, 223 págs.
A acção directa é inerentemente política, funciona como um elemento de pressão para que o Estado adopte determinadas medidas consideradas importantes pela organização, se tal não suceder, a organização poderá também pretender o derrube do governo. O termo acção directa engloba não só o terrorismo, mas todas as outras formas de guerra irregular ou de guerrilha, como é o caso da FRELIMO (pág. 68) e de outros movimentos que fizeram face ao domínio colonial europeu. A acção directa não tem um único modelo de acção, embora os mais utilizados sejam o sistema de células e a resistência sem chefes, nem um só sistema de reacção, isto é de acção anti terrorista.
Para além
da pluralidade de grupos terroristas e do seu carácter doméstico,
internacional ou transnacional, a crescente utilização de
siglas para os caracterizar tornou, ainda mais, difícil a
compreensão destes fenómenos. Para esses leitores, este livro
pode dissipar muitas dúvidas. Para os mais entendidos, este dicionário
pode ser breve demais, contudo o autor traça um bom fio condutor
entre as personagens e grupos que fizeram e fazem a história do
terrorismo e activismo político mundial.
Numa obra de consulta,
sucinta e clara, John Andrade consegue desconstruir um pouco esta realidade
tão complexa e, na opinião de alguns, irresolúvel
pois “o anti terrorismo moderno parte do princípio de que haverá
sempre terroristas, especialmente nas sociedades etnicamente diversificadas
que têm aparecido nos países mais desenvolvidos, e que, portanto,
não se pode fazer mais do que limitar as suas actividades e sobretudo
os danos materiais que provocam.”
Pandora
da Cunha Teles