Em 1911 a Itália ocupou a Líbia, que compreendia as províncias da Tripolitânia e da Cirenaica. Mussolini em 1940 declara guerra à França e à Inglaterra, ordena então ao marechal Graziani, vencedor da campanha da Etiópia e na altura comandante do exército italiano na Líbia, uns dos poucos generais que se manteve fiel a Mussolini até ao fim, que se dirigisse para o Nilo e conquistasse o Egipto. Graziani bem tentou dizer ao Duce que os ingleses não eram os abexins, em vão. Mussolini não o quis ouvir.Conflitos
MundiaisROMMEL, A II GUERRA MUNDIAL E O NORTE DE ÁFRICA
Noventa dias bastaram aos ingleses, que não tinham no Egipto mais que 36 mil homens, para pôr em debandada um exército de cerca de trezentos mil homens. Mussolini em pânico pediu ajuda ao seu amigo Adolfo Hitler. O Führer retirou alguns homens e material da operação Barbaroxa, que seria desencadeada em Junho desse ano contra a URSS, enviando-os para África sob o comando do general Erwin Rommel. Foi assim que nasceu o Deutschland Afrika Korps, que passaria a ser conhecido simplesmente como Afrika Korps. A 12 de Fevereiro de 1941 o general que ficaria conhecido como a “raposa do deserto” chega à Líbia.
Rommel não só deteve os ingleses, como os obrigou a retirar rumo ao Egipto, destruindo-lhes imenso material de guerra, prendendo inclusivamente o general O'Connor, comandante operacional das forças britânicas.
Os alemães chegam a Tobruk, importante porto na costa da Líbia. Enquanto parte do exército do Afrika Korps cerca aquela praça, outra parte continua a avançar na pegada dos ingleses. Alemães e aliados ouvem todos os dias quase como num ritual a canção alemã Lili Marlene, que transporta numa espécie de magia, a nostalgia da pátria e do amor distante. O tom sentimental, recordava aos dois lados em confronto, que existiam outras coisas no mundo, para além das bombas e da guerra, unindo-os na tristeza e na saudade. Inimigos no terreno, irmãos na alma.
A resistência britânica em Tobruk é muito forte. O comandante inglês Auchinleck, envia reforços que contornarão os alemães pelo sul. Rommel tem que retirar, ainda não foi desta vez que o general alemão tomou aquele importante porto.
Após um mês de retiradas constantes, Rommel sente-se com forças para ripostar, em Janeiro de 1942 ataca. Reconquista Bengasi e avança de novo para Tobruk, que conquista a 20 de Junho. A conquista da praça é de tal maneira importante, que Hitler envia um telegrama a felicitar Rommel, ao mesmo tempo que o nomeia marechal.
Agora o destino é El Alamein, os ingleses tentam bloquear os alemães em Marsa Matrup, mas uma vez mais Rommel ataca de frente como manobra de diversão, ultrapassando-os pelo sul. Faltava ultrapassar El Alamein para chegar a Alexandria. El Alamein era algo de diferente, era uma posição fortemente fortificada, que confinava ao norte com o mar e ao sul com as areias movediças do deserto, que não poderiam ser facilmente ultrapassadas. El Alamein era uma espécie de porta blindada do Egipto. Foi um obstáculo intransponível para as poucas forças de que Rommel dispunha.
Em Agosto de 1942 Churchill faz uma modificação de comandos. Para comandante supremo do norte de África e do Médio Oriente, nomeia o general Harold Alexander, o general Bernard Montgomery passa a comandar o VIII exército. Rommel tinha finalmente um general inimigo à sua altura. Este general inglês estudou longamente os métodos do general alemão, tinha além disso uma força aérea poderosa e cada vez recebia mais material, da Europa e dos EUA. Nada voltaria a ser como dantes. Dia 23 de Outubro de 1942, com Rommel ausente na Europa, Montgomery deu início à sua ofensiva. A frente foi rompida. A vitória de El Alamein marca a viragem da guerra no norte de África.
A partir de agora é a retirada, o Afrika Korps vai retirando de posição em posição, perdendo Tobruk, Bengasi, Tripoli. Brevemente a fronteira da Líbia fica para trás. Rommel chega à Linha Mareth onde pára para recuperar forças. Esta posição fortificada entre a fronteira da Tunísia e da Líbia, era uma espécie de Linha Maginot, construída pelos franceses para fazer face a qualquer possível ataque italiano. Rommel serviu-se desta posição para recuperar folego e reparar o material. Por pouco tempo, na sua pegada avançavam 500 mil homens do general Montgomery.
Pela primeira vez o Afrika Korps, vai ter duas frentes. Dia 7 de Novembro de 1942, tinha tido início a Operação Torch, que consistiu no desembarque de forças aliadas (ingleses e americanos), em Orão, Argel e Casa Blanca. Esta operação comandada pelo general Eisenhower iria permitir aos aliados apanhar Rommel numa tenaz.
Hitler ainda envia para África o 5º. Exército alemão, mas apesar da vitória de Kasserine Pass, contra os americanos inexperientes na guerra do deserto, os alemães pouco mais puderam fazer. Rommel foi chamado a Berlim e o comando das forças alemãs é entregue ao general von Arnim, que rapidamente perde Tunes e Bizerta, retirando para Cabo Bom. A 13 de Maio de 1942, o general alemão cessa toda a resistência e assina a rendição. Com esta derrota que ficou conhecida como a Estalinegrado do deserto os alemães e italianos perdem África e com ela cerca de 200 mil homens, que ficam prisioneiros.
Rommel após um curto período de repouso na Alemanha foi colocado em Itália e posteriormente na Normandia onde foi ferido gravemente por altura do desembarque aliado. A sua carreira terminou, quando foi obrigado a suicidar-se, alegadamente por ter participado na conjura para assassinar Hitler ou pelo menos, por dela ter conhecimento, tendo morrido a 14 de Outubro de 1944.
Hoje falar de tanques, divisões blindadas, ou falar da guerra do deserto, é falar do general Rommel. Mesmo depois de terminada a guerra, viveu sempre no imaginário das gerações seguintes, que liam livros sobre os seus feitos, imaginando-o como um cavaleiro do deserto em cima dos seus tanques, fazendo frente ao império britânico em condições tão adversas.
Ao
abordar a figura de Rommel, a única coisa que se pretende
destacar é o seu desempenho e o seu valor como estratega militar,
reconhecido mesmo pelos seus adversários. Não esquecendo
no entanto, o papel negativo que teve ao defender o regime
nazi, do qual ele foi um dos fiéis colaboradores.
Henrique
Gomes Bernardo