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Azulejo
O azulejo teve em Portugal uma utilização muito original.
Apesar de não ser de origem portuguesa, ultrapassou o seu papel
decorativo e adaptou-se aos acontecimentos económicos, culturais
e sociais.
A partir do final do século XV e princípio do século
XVI, esta arte sofreu um grande desenvolvimento, na mesma época
em que a decoração muçulmana teve um papel importante
na arte portuguesa. O gosto por superfícies cobertas com azulejos
foi nesta altura um impulso para o crescimento desta arte.
Na segunda metade do século XVII, veio da China o azul da porcelana,
que dava ao azulejo um carácter menos repetitivo, cheio de formas
em movimento e de dinamismo. Os azulejos sofrem a influência da
talha, durante o reinado de D. João V, criando um espectacular
impacto característico do Barroco.
A sua concepção utilitária e prática nasceu
em 1755, após o terramoto que abalou Lisboa. A necessidade de
reconstruir a capital portuguesa, transformou o azulejo num complemento
de factores estéticos. A corte portuguesa oitocentista trouxe
do Brasil a ideia de usar o azulejo como material de revestimento das
fachadas dos edifícios. A Revolução Industrial
implicou a industrialização do azulejo.
Esta arte também esteve ao seviço da Contra-Reforma, que
o utilizou de uma forma religiosa, influenciando o espírito dos
crentes. Com a ocupação espanhola, o azulejo viu o seu
uso restringido aos edifícios religiosos. Em 1834, com a implantação
do regime liberal, o azulejo foi um importante acessório para
o revestimento de entradas de edifícios e de algumas lojas comerciais,
como algumas padarias e tabernas.
Em 1946, com a implantação do Estado Novo e o estilo de
arquitectura de Salazar, nasceu um estilo nacionalista que rejeitou
o azulejo. É nesta altura que é substituído pelo
mármore. E é pela mão dos artistas plásticos
ligados à oposição a Salazar, que o azulejo voltaria
a conquistar o seu estatuto e dignidade.
Ana Oliveira
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