Um Vento de Leste




   Escrever sobre Timor é, sem dúvida, uma grande responsabilidade.

   Sobre este povo, pouco se sabe hoje em dia, apenas que vivem oprimidos por uma ditadura em que a liberdade é inexistente, afagada pelos barões da censura.

   Todas as imagens chegadas acerca de Timor são de angústia, falam de morte e de miséria. São tragédias do dia-a-dia de cidadãos que lutam pelos seus direitos e ideais justos, pois o que desejam não é mais  que uma pátria que lhes foi usurpada.

   Louvo todos aqueles que conseguiram escapar e que a sorte, mas sobretudo a coragem, de deixar a sua cultura, família e haveres num sítio tão longínquo que é Timor-Leste.

   Timor faz parte de Portugal, nem que agora seja só de coração. O povo timorense identifica-se connosco, mesmo não nos conhecendo, o nosso país de brandos costumes é desejado a longos quilómetros de distância. Ao que parece, Portugal não se sente grato por este anseio, visto que a política portuguesa face a este assunto é puramente burocrática. Afinal não passamos de pobres pedintes quando mencionamos o nome de Timor. Dizer miserável gente, que não tem vida própria, vivendo refugiados por se revoltarem contra um sistema imposto há mais de vinte anos, não resulta. Há que fazer melhor, pelo menos ter vontade!

   É preciso mostrar uma verdade, mas acima de tudo uma necessidade de fazer justiça, pois Timor não é um caso de compaixão, como temos vindo a perceber ao longo dos tempos, mas um caso de persistência, de vida, de amor.

   As parcas tentativas do português se infiltrar no território timorense foram quase todas nulas, visto que é proibido a presença portuguesa na dita região por ordens superiores. A meu ver, a via comercial do “Lusitânia Expresso” não passou de um golpe publicitário em nome de Timor, de insucesso, porque devia estar presente e accionar a ideia, para que esta chegasse aos órgãos competentes, preferiu não intervir no assunto ou abordá-lo de forma pouco persuasiva.

   Não é de vigílias, nem de comemorações que este povo necessita, mas sim de um abraço forte que faça frente à política indonésia. Quantos mais massacres e aberrações são precisos para tomar uma verdadeira atitude?

   Se o problema da Bósnia já foi parcialmente resolvido, o de Timor é muito maior. Trata-se de uma região extremamente rica, de gente inocente, que busca a paz e uma autonomia reconhecida, onde não há medo de morrer pelos princípios íntegros que têm.

   Porque é que em vez de Portugal mandar os Capacetes Azuis para a Jugoslávia não manda os seus soldados para Timor? O povo timorense agradecia em PORTUGUÊS!! Será que os jugoslavos já ouviram falar de Portugal? Sabem onde fica?

   E Xanana? Quem mais lembrou de Xanana Gusmão após ter sido condenado? Que luta trava todos os dias?

   Que fim terá nas nossas mentes todo este sofrimento, se não mencionado?
Por isto, Timor deve ser falado abertamente, escrito sem preconceitos, declarando “guerra” pela honra, gritando em voz alta TIMOR e não Indonésia.

   Uma coisa tenho a certeza: se a fé pela liberdade fosse vento, o povo de Timor seria um tornado sobre Jacarta.

Cátia Simão