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Durante o século
XV, a numerosa população que se fixou na capital instalou-se,
em grande parte, na freguesia dos Mártires, sobretudo no exterior
da muralha, formando sucessivos arrabaldes. Os postigos de S. Roque
e do Duque, situados respectivamente a Norte e a Sul das portas de Santa
Catarina, permitiam uma ligação mais rápida e funcional
entre a parte urbana e a parte rural da freguesia.
Foram construídas, no início do século XVI, duas
pequenas ermidas para apoio à população devota.
A ermida de S. Roque (advogado contra a peste) surgiu em 1506, a Norte,
no exterior da muralha. A de Santo António ergueu-se um pouco
mais a Sul, às Portas de Santa Catarina. Foi esta Ermida de Santo
António que os italianos da capital escolheram para sua sede,
em 1518, e aí fundaram paróquia própria, em 1521,
com a invocação de Nossa Senhora do Loreto, por autorização
de uma bula do Papa Clemente VII.
A paróquia do Loreto tinha uma estrutura bem diferenciada das
outras freguesias da cidade, pois não possuía território
e agregava apenas os respectivos fregueses – os estrangeiros de
nacionalidade italiana e de prática católica, residentes
nesta e noutras áreas da cidade. Inaugurada oficialmente em 1522,
veio a ser reconhecida na estrutura administrativa nacional em 1551,
quando passou a ter território, desmembrado da freguesia dos
Mártires, abrangendo também os portugueses residentes
na zona.
A freguesia quinhentista do Loreto abrangeu, na sua quase totalidade,
os territórios arrabaldinos, que se estendiam até Santa
Catarina e Boa Vista, e viu-se sempre prestigiada pelas naturais ligações
ao pontificado romano, mas foi também, desde início, perturbada
por desentendimentos entre paroquianos portugueses e italianos. A igreja
paroquial, inaugurada em 1552, foi totalmente reconstruída em
1573, com traça italiana. Os 8697 habitantes, registados em 1551,
encontravam-se distribuídos por 1155 casas ao longo das 21 ruas,
3 travessas e dois postos situados no vale das Chagas e na Calçada
da Boa Vista.
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